por Catarina de Angola
No dia último dia 20 de novembro, o Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA) realizou o Workshop Agroecologia & Energias Alternativas – Projetos para fortalecer a agricultura familiar em Pernambuco. O evento reuniu diversas organizações não governamentais, parceiros e pesquisadores e debateu experiências em agroecologia no estado, além da apresentação de painéis sobre energias alternativas e sistemas de piscicultura. A atividade faz parte do projeto AGREGA – Agroecologia & Energias Alternativas.
A iniciativa é do CCBA e da organização alemã Brasilieninitiative Freiburg, que juntas aprovaram a proposta do projeto com governo alemão. A açãoé fruto de dois Workshops realizados no ano de 2017, que abriram canais entre a cooperação alemã e a sociedade civil/organizações de agricultores e agricultoras no Nordeste do Brasil, diante dos desafios climáticos, econômicos e políticos.O objetivo é reforçar e estimular a agroecologia através do desenvolvimento e a implantação de oito miniprojetos com utilização de energias alternativas nos municípios de Exu, Afogados da Ingazeira, Pesqueira e Brejo da Madre de Deus, contemplando diversas regiões do Estado de Pernambuco. As ações se desenvolverão em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e com outros atores.
O workshop teve início com um Café da Manhã, que proporcionou interação entre os/as participantes. Em seguida, Christoph Ostendorf, diretor do CCBA e coordenador do projeto, abriu o evento com uma breve apresentação do dia. As representações das organizações presentes se apresentaram e partilharam suas experiências nos municípios. Estiveram presentes as das associações Terra Fértil e Agrodóia, o Povo Xucuru do Ororubá, a Associação Brejo Mel, a Associação Agroecológica do Pajeú e as organizações Diaconia, Caatinga, Centro Sabiá e Cáritas de Pesqueira, além da empresa GM Eletro. Na apresentação do projeto, Christoph explicou que a iniciativa pretende contribuir no fortalecimento da segurança alimentar de agricultores e agricultoras em Pernambuco que estão cada vez mais ameaçadas pelas consequências das mudanças climáticas, incentivando a agroecologia com energias alternativas. Além de possibilitar a articulação entre diversos atores sociais como associações, cooperação internacional, organizações governamentais e universidades.
Painéis –Dois painéis também compuseram a programação. No primeiro, o professor pesquisador Heitor Scalambrini, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), trouxe a experiência e os resultados do projeto “Semiárido Solar – Fortalecimento de alternativas em áreas vulneráveis aos efeitos negativos das mudanças climáticas no semiárido paraibano”, com realização da Cáritas Brasileira e do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social e apoio da Misereor e do Comitê de Energias Renováveis do Semiárido (Cersa). O projeto foi baseado nos eixos: Incidência Política, Instalação de Unidades Demonstrativas e Capacitação. E também objetivava promover uma ampliação do debate sobre a energia solar, além de torná-la, também, uma nova fonte de oportunidade de renda. A iniciativa foi realizada nos municípios de Patos Pombal e Souza, na Paraíba. “Precisamos refletir sobre as ameaças reais das mudanças climáticas no semiárido, tanto nas cidades como na zona rural. É necessário pensar a energia solar nesse contexto, com modelos de geração de energia descentralizados e de pequeno porte”, provocou Scalambrini.
À tarde, foi a vez do professor pesquisador Fernando Porto, da UFRPE, abordar os “Sistemas de piscicultura & produção agroecológica”, no segundo painel do workshop. Em sua explanação, Porto refletiu com o coletivo sobre a aquaponia como geração de renda e sua execução em espaços urbanos. O professor trouxe experiência de pesquisa desenvolvida por sua equipe no Departamento de Engenharia de Pesca, da UFRPE, com aquaponia de recirculação, que segundo ele, a partir dos resultados já apresentados pelo sistema implantado na universidade, “não tem perda e não polui a fonte de água do sistema”. Para ele, essa é uma ótima opção de renda para quem tiver possibilidade de investir na proposta. “Essa é uma iniciativa que mostra a possibilidade de produzirmos de forma sustentável”, afirmou.
A partir dos debates e resultados desse primeiro workshop, serão formatados os modelos de miniprojetos para que grupos interessados apresentem as propostas concretas. Um segundo encontro está marcado para o dia 19 de dezembro, também em Recife. A previsão é que em fevereiro de 2019 os projetos comecem a ser implementados. “Agradecemos o convite e avaliamos como positiva a metodologia do workshop, que convidou as parcerias e trouxe as experiências dos municípios para partilhar suas vivências. Isso fortalece a construção coletiva e amplia nossas possibilidades de articulação”, destacou Silvanete Lermen, da Agrodóia. Para Silvaneide Gouveia, Xucuru, “foi importante esse dia para que se conhecessem várias realidades”, avaliou.
Projeto –O projeto AGREGA – Agroecologia & Energias Alternativastem como eixos de ação: Agroindústrias familiares e energia solar; Irrigação de pequeno porte para áreas de produção agroecológica; Sistemas de piscicultura e produção agroecológica e Reflorestamento de áreas degradadas, fontes e/ou áreas ribeirinhas com apoio da energia solar. Os miniprojetos apresentados ao CCBA visam a integração entre práticas agroecológicas já existentes e aplicações decentralizadas de energias alternativas. As propostas devem contemplar um processo participativo.