por Catarina de Angola
No mês de dezembro de 2018, o Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA) reuniu mais uma vez representantes de associações de produtores agroecológicos, de organizações da sociedade civil, e representantes da academia para a segunda edição do Workshop AGREGA: Agroecologia & Energias Alternativas – Projetos para fortalecer a agricultura familiar ecológica em Pernambuco, através do uso de energias alternativas. Nessa edição, dia 19/12, o destaque ficou para a maior participação de mulheres e pelo aprofundamento das temáticas energia solar e aquicultura. O primeiro encontro ocorreu em novembro.
O evento contou com várias experiências em agroecologia do estado de Pernambuco, além das apresentações dos professores Domingos Savio Beserra, do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), e Fernando Porto, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Participaram as associações Terra Fértil e Agrodóia, o Povo Xucuru do Ororubá, a Associação Brejo Mel, a Associação Agroecológica do Pajeú, a Associação de Agricultura e Renda Familiar de Novo Cajueiro e as organizações Diaconia e Cáritas de Pesqueira.
A realização da atividade integra as ações do projeto AGREGA – Agroecologia & Energias Alternativas, iniciativa do CCBA e da organização alemã Brasilieninitiative Freiburg, e que propõe o estímuo à agroecologia através do desenvolvimento e a implantação de miniprojetos, com utilização de energias alternativas em quatro municípios de Pernambuco (Exu, Afogados da Ingazeira, Pesqueira e Brejo da Madre de Deus), no Nordeste do Brasil. O Projeto conta também com apoio oficial do Ministério de Cooperação da Alemanha.
“Neste segundo workshop, destacamos a consolidação da cooperação com o IFPE e a UFRPE com o projeto o que possibilita uma articulação direta de professores e estudantes com famílias produtoras e a sociedade civil, através das organizações e associações, e o fortalecimento das tecnologias sociais. Observamos também no segundo encontro uma participação bem mais significativa de mulheres”, explicou, Christoph Ostendorf, diretor do CCBA e coordenador do projeto.
O professor Domingos Savio Beserra, do IFPE, trouxe um panorama da energia solar no Brasil, desde sua implementação, principais potencialidades e regiões onde já existem experiências consolidadas. Pesquisador referência nesse estudo em Pernambuco, Domingos também ressaltou os benefícios da implementação dessa tecnologia para projetos desenvolvidos pelas organizações da sociedade civil na proposta do AGREGA e reforçou o interesse do IFPE em contribuir com as experiências. Os/as participantes interagiram com o tema e tiraram dúvidas sobre questões técnicas, mas também sobre o impacto social da iniciativa.
Durante o workshop, a aquaponia foi outro tema aprofundado. O professor Fernando Porto, da UFRPE, que também esteve na edição passada do encontro quando falou sobre a criação de peixes, associada ao cultivo de hortaliças, trouxe informações mais detalhadas que devem ajudar as associações que decidirem implementar a proposta em seus projetos do AGREGA. Informações técnicas e sobre como a proposta pode contribuir para a produção agroecológica foram enfatizadas. O CCBA já está implementando um projeto piloto em aquaponia, na sua sede no Recife, que está sendo desenvolvido por um grupo de estudantes da UFRPE com supervisão do professor Fernando Porto. Isso possibilitou os participantes do segundo workshop a terem uma primeira ideia da estrutura deste projeto.
Essa segunda edição do workshop também foi um momento de aprofundamento das iniciativas em agroecologia e energias alternativas, onde as associações presentes puderam ter mais informações sobre as iniciativas e refletir sobre como essas ações podem contribuir para o fortalecimento de suas experiências e suas demandas.
Projeto –O projeto AGREGA – Agroecologia & Energias Alternativastem como eixos de ação: Agroindústrias familiares e energia solar; Irrigação de pequeno porte para áreas de produção agroecológica; Sistemas de piscicultura e produção agroecológica e reflorestamento de áreas degradadas, fontes e/ou áreas ribeirinhas com apoio da energia solar. Ao todo estão sendo desenvolvidos oito miniprojetos em quatro municípios de Pernambuco, em um processo participativo em que as famílias produtoras e suas associações ganham papel de protagonista interagindo com outros atores de universidades e da sociedade civil. A implementação dos projetos está prevista a partir de março de 2019.