O grupo de mulheres do assentamento Novo Cajueiro em Pesqueira é sinônimo de superação. Desde 2011 quando elas resolveram partir para a estruturação de uma agroindústria de beneficiamento de frutas (polpas e bolos), os desafios não tem sido poucos e quase que constantes. Recentemente tiveram que atender a uma série de exigências da Adagro na estrutura interna da fábrica. Para o Serviço de Inspeção Federal – SIF a pequena agroindústria ainda precisa adquirir alguns equipamentos para alcançar a certificação, em especial uma câmara fria e uma envasadora, o que representa um investimento de mais de 70 mil reais.
O projeto AGREGA apoiou essa reforma interna e a instalação de um sistema de energia solar que em breve passará a representar uma economia no consumo de energia elétrica, o que vai permitir adquirir mais matéria prima e aumentar a produção de polpa de frutas. O desafio atual é onde estocar as polpas produzidas, as oito freezers disponíveis estão cheias de polpas. Hoje elas produzem polpas de graviola, maracujá, tangerina, acerola, goiaba, umbu e abacaxi com hortelã. A principal comercialização é realizada através do PNAE destinada à merenda escolar no município.
Com o aumento da produção gera a necessidade de adquirir uma câmara fria para estocar as polpas produzidas. A câmara fria também é necessária para obtenção do SIF, certificação que permite ampliar a comercialização das polpas para estabelecimentos comerciais, o que aumentaria o rendimento financeiro do grupo. Porém, o grupo está descapitalizado para aquisição do equipamento por conta própria e o Banco do Nordeste não aprovou o financiamento de equipamentos. Outra dificuldade é que elas não conseguiriam juntar o dinheiro economizado com a redução da conta de energia, pois as associadas dependem exclusivamente da renda de seus trabalhos na agroindústria para suas despesas familiares. Outra questão é se com o almejado aumento da produção e consequente aumento do consumo de energia, o dimensionamento do sistema fotovoltaico atenderia esta demanda do consumo de energia na agroindústria.
A principal fonte de frutas para o beneficiamento é a própria comunidade, vem das famílias com quintais produtivos na época das safras das frutas locais. Além das 10 famílias da comunidade, um agricultor de Pedra fornece graviola e caju orgânicos, um agricultor de Sanharó goiaba convencional, um agricultor de Novo Cajueiro goiaba e maracujá convencional, além das frutas adquiridas na CEACA (Centro de Abastecimento de Caruaru) e no CECORA (Centro de Abastecimento de Arcoverde). A produção atual é de 150 Kg de polpa/semana e 1.200 bolinhos de bacia/semana. A comercialização atual é direcionada para merenda escolar via PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e elas também participam a cada 15 dias da Feira da Agricultura Familiar.
Por enquanto elas não conseguem fazer uma avaliação sobre as primeiras experiências com a nova estrutura produtiva, mas se mostram otimistas quanto ao futuro da agroindústria. Um novo espaço físico está sendo preparado para a produção de bolo e essa nova estrutura produtiva deverá contribuir para melhorar o processo de organização da produção, possibilitando inclusive a criação de novos produtos. Uma sala está sendo reservada para funcionar como espaço de capacitação técnica que deverá orientar outros grupos locais e o próprio grupo de mulheres de Novo Cajueiro em relação a situação do registro e certificação da agroindústria, orientar sobre perspectivas de alcançar novas clientelas fora do Programa de Aquisição de Alimentos e outros aspectos da organização da produção e comercialização. Essse espaço funcionará também como multiplicador de experiências e conhecimentos para outras mulheres e comunidades da região.