Por Maria Letícia Aragão
Graças ao compromisso firmado entre o Centro Cultural Brasil – Alemanha – CCBA – e a prefeitura municipal de Afogados da Ingazeira, com o apoio e financiamento da ONG alemã Brasilieninitiative Freiburg e.V., desde o ano de 2021, diversas mulheres chefes de família, em situação de vulnerabilidade social, têm sido assistidas por meio de ações sociais do projeto AGREGA.
Neste ano, 2022, o trabalho e a parceria continuam! Após uma pausa de dois meses, desde a última distribuição de cestas, em dezembro de 2021, a retomada da ação foi possível a partir da cooperação entre o CCBA e a ONG alemã, a qual garantiu o retorno do projeto do mês de março até dezembro de 2022.
A ação visa incentivar a produção agroecológica local, por meio da compra de alimentos produzidos pelos agricultores e agricultoras rurais assistidas pelo AGREGA. Os produtos adquiridos são destinados à produção de cestas básicas distribuídas para 50 mulheres em situação de vulnerabilidade social, a partir do cadastro e seleção previamente realizada pela Secretaria de Assistência Social do município de Afogados da Ingazeira. A prefeitura assume um papel imprescindível que viabiliza a logística entre as famílias acometidas pela insegurança alimentar e a distribuição de alimentos.
A primeira ação de distribuição do ano ocorreu no dia 18 de março no Centro de Referência de Assistência Social de Afogados da Ingazeira. Estiveram presentes integrantes do AGREGA e parceiros da prefeitura municipal. O projeto de apoio alimentar gera uma cadeia de benefícios, o qual se inicia desde a compra dos alimentos diretamente dos produtores, por um preço justo, até o recebimento das cestas, composta por uma alimentação saudável. Os produtos agroecológicos são oriundos da produção de oito famílias e um grupo de mulheres que integram o manejo do plantio a partir de uma fonte energética renovável, a energia solar, a piscicultura, aquaponia e agricultura familiar, com a orientação técnica de engenheiras de pesca e agrônomas/os ligadas/os ao CCBA.
As famílias favorecidas puderam levar para a casa produtos agroecológicos, de origem sustentável, como frutas (acerola, banana, limão, tomate), raízes (batata doce), verduras e legumes (cebolinha, couve, jerimum, pimentão), feijão (feijão seco, feijão debulhado, feijão verde na baje), peixes (tilápia) e polpa de frutas. Ao todo, cerca de 800 kg de alimentos foram distribuídos, com a média de 16 kg por cesta, sendo 3 kg de peixes.
Os peixes são cultivados nos tanques de piscicultura onde são interligados ao sistema de aquaponia e irrigação das propriedades rurais das famílias acompanhadas pelo projeto. Para esta ação foi necessário o esvaziamento de dois tanques de peixes, da família do senhor Valcleir e Divino, ainda na quarta-feira (16) para a entrega na sexta-feira (18). Este processo se deu com a orientação técnica da engenheira de pesca do projeto e com a ajuda dos produtores, que participam ativamente.
A integração entre os tanques com o sistema de irrigação possibilita aos agricultores um melhor aproveitamento da água e maior rendimento no potencial produtivo do plantio, onde, beneficiado pela propriedade físico-químico da água, rico em ferro e matéria orgânica, contribui para o desenvolvimento saudável dos alimentos.
A iniciativa tem como finalidade central fomentar ações que visem a melhoria da qualidade de vida de grupos com certo grau de vulnerabilidade social, ao mesmo tempo que intenta reduzir a insegurança alimentar da região. Além disto, o incentivo à produção local deve ser pensado frente ao desenvolvimento sustentável e ao caráter agroecológico destes alimentos. O AGREGA entende o papel protagonista destas famílias enquanto agentes de mudança social e facilitadores na preservação do meio ambiente frente às consequências das mudanças climáticas. Neste contexto observa-se a grande importância que o peixe tem como proteína animal que além de ser muito saudável é produzida com baixo consumo de água, poucas emissões de CO2 – sem emissões de metano – e ainda deixando adubo para as plantações dispensando fertilizantes químicos. Portanto, a agricultura familiar e produção local devem assumir um posto central nas ações voltadas ao enfrentamento à insegurança alimentar nestas localidades.