Por: Maria Letícia Aragão
Afogados da Ingazeira, localizado no semiárido nordestino, a 370 km da cidade do Recife, é um dos municípios mais influentes da microrregião do Pajeú, Pernambuco. Sua economia está baseada, principalmente, na agricultura e agropecuária. Diante da pandemia da iminente crise socioeconômica no Brasil, o município, assim como tantos outros, tem enfrentado situações adversas relativas ao combate à pobreza e à fome.
Diante deste cenário, em um esforço conjunto para amenizar a insegurança alimentar e nutricional de famílias em situação de vulnerabilidade social, o projeto AGREGA, em parceria com o Centro Cultural Brasil – Alemanha – CCBA – e a prefeitura municipal de Afogados da Ingazeira, deu início no mês de julho (18) ao Programa de Cooperação Solidária no Sertão do Pajeú, o qual foi possível graças ao apoio e financiamento da ONG alemã Brasilieninitiative Freiburg e.V.
O Programa tem por objetivo distribuir, mensalmente, até dezembro deste ano, 50 cestas básicas para mulheres cadastradas na Secretaria Municipal de Assistência Social do município. Os alimentos que compõem as cestas são cultivados por agricultores locais, os quais são incentivados pelo AGREGA a terem uma consciência agroecológica no manuseio e uso da terra para o cultivo de orgânicos. Os produtos são adquiridos seguindo a mesma tabela de precificação de alimentos do PAA – Programa de Aquisição de Alimentos. Desta forma, tanto as mulheres quanto os pequenos produtores rurais são beneficiados pela iniciativa.
Dentre os produtos agroecológicos distribuídos nas cestas básicas estavam: macaxeira, batata-doce, frutas, verduras, feijão de corda (verde e seco), banana, ovos, hortaliças e peixes. Totalizando 1,5 toneladas de alimentos orgânicos, saudáveis e de alto valor nutricional para mulheres em situação de insegurança alimentar.
Para além da distribuição das cestas, o Programa busca criar uma rede de colaboração entre os pequenos produtores rurais, os órgãos governamentais e não-governamentais e a sociedade civil, no intuito de incentivar a inserção de sistemas colaborativos nas políticas públicas visando o desenvolvimento da economia local e melhoria da qualidade de vida das famílias beneficiadas.
“Não se trata apenas de uma doação, é muito mais que isso. É uma ação que beneficia uma rede de pessoas, desde quem planta a banana, por exemplo, até quem a consome. E esta ‘logística de solidariedade e sustentabilidade ambiental’ deve ser pensada de modo a abranger o maior número de pessoas. Pensando no sentido de uma política pública”, comenta Christoph Ostendorf, diretor do CCBA e coordenador do AGREGA.